quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Dizendo o que convém...


...Panis et circenses!

Bom, foi ontem a escolha do Brasil como sede da copa do mundo de futebol de 2014, e aqui começarmos nossa ácida e mordaz resenha, lembrando a frase do ilustre Presidente Lula, onde ele disse que “faremos uma copa para nenhum argentino botar defeito”. Uma tirada muito bem-humorada, mas que tem de ser vista com ressalvas já que foi proferida por quem costuma mudar de opinião de acordo com as conveniências.
Para talvez 98,9% da população esta será uma data histórica, onde a espera se processará nos dedos, tomara que para os mandatários as problemáticas que assolam o país também o sejam.
É claro que o Brasil poderia organizar e sediar um evento deste porte. Poderia, mas não deveria; o que se seguira agora esta longe de ser uma incógnita, será a farra da corrupção, como se viu no tão propalado Pan-americano 2007 (dos 500 milhões iniciais para 3,9 bi em gastos ainda não muito bem explicados), claro que foi bom ver nossos atletas ganharem medalhas, porém mais importante que medalhas são investimento em educação, em segurança, no sistema de saúde, no combate a corrupção em todos os seus níveis. Estes são problemas urgentes que tem de ser debelados, mas sempre que a coisa aperta o “brasileiro” (ainda, mas agora onde o plano de perpetuação no poder esta cada vez mais em voga) encontra uma saída, e a bola da vez 'é' uma copa. E porque não? Os olhares dos brasileiros desviam-se por qualquer coisa, carnaval, ‘Pan’, copa do mundo de futebol; e copa do mundo de futebol no Brasil então... Estou sendo repetitivo e ranzinza, todavia é inevitável, alguém tem que ser. O Brasil com certeza é o país que mais contribuiu com o futebol, sem sombras de duvida, mas o que é inadmissível é ver as condições de despreparo, desordem, descalabro e miséria que se encontram mais da metade da população; onde os eleitos para tentar diminuir todas essas mazelas pouco se lixam e visam apenas seus projetos pessoais.
O espetáculo de ‘gastança’, superfaturamento, obras faraônicas (e até fantasmas) e ufanismo alentador já tomam conta da imprensa, que alardeou aos quatro cantos, usurpando a consciente dos espectadores.
O caderno de encargos do Brasil não deu uma única constatação se quer, pauto-se apenas em propostas (por isso a imprensa Britânica criticou a escolha, e não por inveja como foi divulgado por aqui). E a delegação? era realmente necessário Paulo Coelho? Com aquelas comparações estapafúrdias de que o prazer de vencer no futebol é igual ao prazer erótico.
Não consigo ver todas essas benesses que virão como a imprensa propagandeia ai a fora, também com a total certeza é esse o seguimento que mais irá lucrar com este evento, emissoras de TV e os seguimentos do turismo e quem prestar serviço ao governo, lecupletando-se à custa do dinheiro público. Com todo o aparato de segurança que ficará após o evento é pouco, é mínimo para a população que continuará a habitar o mesmo país, os mesmos estados e cidades após o evento; não acredito que porque pessoas de outros países virão jogar futebol por aqui e assistir as partidas, pessoas ficarão mais inteligentes e os pobres ficarão na escola e aprenderão mais no ensino público que na rede privada.
Nosso esporte (primazia eterna do futebol) preencher o vácuo de nacionalismo que já não existe mais na sociedade. Patriotismo hoje é cantar o hino nacional quando a seleção entra em campo e torcer pelo bem da seleção. Quanto ao verdadeiro patriotismo, bem, esse já não existe mais há muito tempo, temos uma sangria ufanista que torce, exacerba, esbraveja, em dados momentos (vide copa, Pan,e quando a mídia conclama, ao seu bel prazer, claro!).
Malgrado tudo isso e muito embora meu total descrédito com as benesses acerca do assunto, mesmo com todo o investimento em infra-estrutura, a complexa operação de logística que o aporte demanda, mesmo com os empregos que o efeito cascata criara, e o show que se seguira nos jogos(e os gastos assustadores, e os desvios advindo de tal) acho que o país pagara um preço muito caro em lugar de fazer o verdadeiro dever de casa. Vejo ainda, com essa habitual arrogância de se achar certo e a chatice encrostada no encéfalo uma certeza; a de que continuaremos a sofrer antes, durante e depois do espetáculo, de tudo isso e muito mais (toda via um pouco mais roubados, não obstante mais alegres a depender dos resultados no campo), em todas as áreas, inclusive moral. Contudo não esqueçamos que o povo "não quer só comida..." e o povo não é besta e nem se engana mais (quem disse que não?) e com isso e toda essa sanha acerca do assunto, que chega a ser pedante; vamos à copa! Com toda festa e a alegria habitual do brasileiro (grhhhh!!!). Vejamos quem sairá ganhando como tudo isso.
Quem adivinha?

domingo, 28 de outubro de 2007

Vejo o que atrai...


Mais um final de semana nesta modorrenta cidade, onde todas as diferenças são iguais, e toda diversão tem um clima bucólico (o que é até um elogio para certos padrões de diversão aos quais me tenho submetido). Em um encontro inesperado com um colega onde em um bate-babo entrecortado pela curiosidade costumas desta persona que escreve, foi percebido assim que o moço carregava um pilha de CD’s e DVD’s (na sua maioria piratas diga-se de passagem, e esqueçamos o politicamente correto um pouco) começou assim uma sangria bisbilhoteira e foi assim que notei que no meio de tanta coisa havia um filme que neste mesmo dia pela manhã o jornal tinha feito uma resenha, e o articulista traçado um perfil bibliográfico do diretor/produtor do filme. Trata-se de O Passado (Brasil/Argentina - 2007) o mais novo filme de Hector Babenco. Um diretor que com certeza já têm seu nome grafado como um ímpar da sétima arte; por tudo que fez (Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia uma das maiores bilheterias do cinema bazuca; Pixote, A Lei do Mais Fraco que foi considerado pela revista norte-americana América Film, como um dos maiores filmes da década, atrás apenas de “Ran” e “Fanny e Alexander” respectivamente de Akira Kurosawa e do saudoso Ingmar Bergman; além de o Beijo da Mulher Aranha e Ironweed) tem feito (Coração Iluminado e O Passado que é um bom filme).
O Passado é sobre o fim de um casamento de doze anos, onde o ex-marido Rimini (Gael García Bernal) que é tradutor, mantém civilizadamente um relacionamento amigável com sua ex-mulher Sofia (Anália Couceyro). Contudo, essa civilidade toda acaba quando ele começa um relacionamento com a modelo Vera (Moro Anghileri). A partir daí a história ganha outro rumo. Sua ex-mulher o atropela com seu poder obstinado, que em dado momento vem a contribuir com a morte de Vera, traumatizando-o e fazendo com que ele esqueça os idiomas que traduzia. A coisa desanda mais ainda quando ele se casa com Carmem; (Ana Celentano) e com o nascimento do filho dos dois o inferno chega as suas costas (Sofia chega a seqüestra o bebê). Longe da atual mulher do filho e viciado em cocaína, Rimini mergulha no obscurantismo existencial.
Babenco declarou que muito do filme deve-se a Bernal, um ator da nova safra acima da média. Disse ainda que o “Brasil não tem nenhum ator a altura dele." Eu diria que Babenco está um tanto quanto equivocado. O Brasil pode não ser a maior indústria de cinema, mas conta com uma nova safra de cineastas e atores brilhantes. É só dar uma olhada nos filmes protagonizados por Lázaro Ramos, Wagner Moura, o magistral Selton Melo como bem lembrou Isabela Boscov de Veja, e tantos outros novos atores que a cada dia o cinema nos apresenta.

Digo o que condiz...


Cartão identidade.
os muros crescem, os prédios exaltam-se
na razão direta (e indireta) do absurdo,
contrapondo-se aos sonhos.
as razões multiplicam-se sem razão!
confundindo todo o iter racional.
e as pessoas
‘não mais se cumprimentam’ não se olham mais;
como produtos nas prateleiras dos supermercados,
adquirem (e tornam-se apenas)
um código de barras!

ewerton M.

sábado, 27 de outubro de 2007

Ouço o que convém...


Para inaugurar vai uma surpresa grata que encontrei escarafunchando nas ‘coisitas’ da minha irmã: Fino Coletivo, banda que resulta da junção de Alagoas e Rio de Janeiro. Trata-se do encontro de integrantes das bandas “Wado e o Realismo Fantástico” alagoanos e “Momo” cariocas, eles já começaram como um quinteto (depois adicionaram mais três ao cardápio), onde quatro cantores se revezam nos vocais das músicas que têm no samba o ponto inicial (e alto), abrindo espaço também para um pop bem tocado com o funk vibrante que teima sempre a dar às caras, e elementos da música eletrônica. O resultado é um som bem dançante e com um groovie vicejante que com certeza nas pistas é um convite a farra e ao remelexo (no bom sentido).
O CD contém doze músicas inéditas, onde todas as composições são próprias e parcerias com Ivor Lancellotti e Totonho dos Cabra. Os caras contam também com a participação de Domenico Lancellotti, do projeto “+2” na faixa de abretura‘Boa Hora” (uma das melhores).
Então, está aí uma nova banda com um som meio que novo, numa nova cena musical. O primeiro petisco aperitivo é bem aprazível. Com certeza quem experimentar vai lamber os dedos e querer mais. Bom apetite!